Na fundação da Linguística enquanto Ciência, Saussure (1916) já concebia que uma das funções da então nova Ciência seria ter como missão descrever o maior número de línguas naturais possíveis para que no conjunto das pesquisas sobre as línguas pudesse compreendê-las em sua plenitude. Esta missão, historicamente, já vinha sendo feita com outros propósitos diversificados, tais como, destes objetivos religiosos de dominação, questões especulativas filosóficas, interesse pragmático, objetivos militares de guerra até questões científicas para se compreender alguns dos aspectos da dimensão fisiológica, psíquica, pragmática do homem.
A Linguística contemporânea, à medida que vai se desenvolvendo no contato com outras áreas do conhecimento, acaba por estabelecer relações diversas para compreender o funcionamento da língua em suas múltiplas faces, desde a psíquica, neurológica, sociológica, etnologia, geográfica, ensino, filosofia, relação com o pensamento, práxis, multimídia, tradução, cérebro, política etc. Se considerarmos os estudos de compreensão dos fatos sociais, há dois princípios norteadores. O primeiro diz respeito as reflexões e as teorias em relação ao entendimento e ao conhecimento da dimensão do homem (sujeito) em sua dimensão humana (política e social); já a segunda são estudos desenvolvidos sobre a linguagem enquanto funcionamento interno, aspectos fisiológicos, neurológicos, psicológicos e psicanalíticos de um lado, e a linguagem na relação com outras áreas do conhecimento.
Não é sem propósito que muitos pensadores, filósofos e cientistas através dos tempos se inclinam para o conhecimento dos estudos linguísticos de uma forma ou de outra para explicar em seus aspectos múltiplos a sociedade e seus movimentos sociais, culturais, políticos, filosóficos etc. Podemos citar Bakhtin (Voloshinov), Freud, Lacan, Foucault, Nietsche, Pêcheux, Levi Strauss, Karl Marx, Althusser, François Dosse, Michel de Certeau, Humberto Maturana, Terry Eagleton, Malinowski, Pierry Bourdiou etc.
O desenvolvimento da tecnologia como a conhecemos hoje teve uma contribuição significativa com os estudos da linguagem, relações incontornáveis. Também os estudos do homem e da sociedade possuem o aspecto linguagem como relação significativa. Neste sentido, o fundamento da nossa proposta de parceria se constitui na relação entre Linguagem, Educação e História. É importante ressaltar que os Programas Pós-graduação strict sensu, mestrado e doutorados (Letras, Estudos Linguística e Estudos de Linguagem), aceitam alunos de outras áreas do conhecimento, tais como direito, pedagogia, história, economia, jornalismo, administração, psicologia, artes, fonoaudiologia etc. Na práxis da pesquisa e da reflexão, os Estudos Linguísticos já mantêm relação com as demais áreas do conhecimento. De outra parte, também não há área que se forme por si só, pois, os estudos filosóficos ao se decomporem, abrem “caminho” para formação de outras áreas, dispersão de objetos, de temas, de domínios, de relação inter, trans e multidisciplinar, tais como psicolinguística, neurolinguística etc.
Assim, o que norteia a presente proposta além da apropriação do saber a partir dos Estudos Linguísticos em relação a Educação e a História enquanto instrumento para “pensar” as práticas do ensino de língua e as práticas sociais, é tornar o professor um pesquisador e autor do seu labor, restituindo-lhe a autonomia do seu fazer pedagógico em relação às práticas sociais, a partir das condições materiais de existência e de cada disciplina e conjuntura. Estas especificidades se materializam na medida em que há um domínio e uma compreensão de um instrumento teórico que lhe possibilite deslocar-se de uma prática discursiva para outra, o que não representa negar a outra, mas sim “atualizá-la” para uma nova demanda e necessidade.
A apropriação do instrumental teórico da Linguística, em sua relação com a Educação e a História não visa contrapor sua experiência de professor, mas sim revigorar sua práxis com uma perspectiva técnico científica. Neste contexto, justifica-se a proposta a partir dos seguintes aspectos:
a) apropriação do conhecimento Linguístico em seu aspecto de funcionamento interno e externo, desde o aspecto simbólico ao pragmático em uma perspectiva histórica;
b) reflexão técnica e metodológica de alguns aspectos do conteúdo do ensino fundamental e médio bem como a prática pedagógica no que diz respeito ao aspecto da prática social e cultural da contemporaneidade;
c) reflexão sobre a importância de pensar os movimentos sociais como parte integrante da formação política, cultural, social e educacional enquanto prática pedagógica para se compreender a dinâmica do movimento social que reverbera, de uma forma ou de outra, no sistema educacionais.
Núcleo de Estudos em Análise do Discurso/ Unidade Universitária de Campo Grande - Santo Amaro
Grande Área: Linguística, Letras e Artes
Área Específica (CNPq): Letras, Linguística e Artes / Linguística
O Curso, de caráter temporário, terá a duração mínima de quatorze (14) e a máxima de dezoito (18) meses.
Professores e Técnicos Administrativos filiados à FETEMS.
Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul.
A carga horária total do curso é de 390 (trezentos e sessenta) horas, distribuídas em 19 (dezenove) disciplinas, equivalentes a 26 (vinte e seis) créditos. O curso possui uma carga horária de 30% em EaD. A carga horária de cada disciplina será constituída por unidade de crédito, sendo que cada unidade corresponderá a 15(quinze) horas de atividades.
O curso funcionará com o mínimo de 35 (trinta e cinco) e o máximo de 70 (setenta) vagas.